Fomos surpreendidos pela chegada do Covid-19, que pegou todo o mundo de surpresa, seja nação pobre ou rica, culta ou inculta. Nenhum hospital estava preparado para combater o vírus na vida humana. Cientista algum/a estava apto/a para preparar a vacina evitando mortes; nossas economias entraram em colapso, pequenos/as e grandes empresários/as foram atingidos/as, com poucas exceções permaneceram de pé ou melhoraram nesse tempo.
A maioria da população não estava financeiramente preparada, não possuía reservas para tempos difíceis. Esta situação tem gerado milhares e milhares de mortes, acompanhada de lutos à distância. De fato, algo surpreendente e catastrófico para a maioria da população e das nações.
Este tempo serve muito para nossa reflexão e aprendizado e não podemos perder a imensa oportunidade que se descortina diante de nós. Vírus já vieram sobre a humanidade, outros virão, cada um será diferente do outro e ninguém sabe como, para poder se preparar. Neste caso, minha percepção e sugestões caminham na direção em que, para estarmos preparados para tais realidades invisíveis e mortais, precisaremos de algumas ações, que podem dirimir a dor e diminuir as mortes, tais como:
- Unidade do povo e das autoridades governamentais, quanto às ações que se fazem necessárias para controlar a ação da doença na vida humana;
- Infraestrutura de saúde em condições mínimas para atendimento das pessoas, das cidades quanto à moradia e serviços básicos, trabalho para todos, reservas técnicas mínimas, tanto pessoais como nos governos em suas várias esferas.
São ações mínimas, contudo temos visto hoje, que, a ausência delas tem causado mais mortes e dor na vida das pessoas. Infelizmente!
“Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão somente o Pai. Como foi nos dias de Noé, assim também será na vinda do Filho do homem. Pois nos dias anteriores ao dilúvio, o povo vivia comendo e bebendo, casando-se e dando-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca; e eles nada perceberam, até que veio o dilúvio e os levou a todos. Assim acontecerá na vinda do Filho do homem. Dois homens estarão no campo: um será levado e o outro deixado. Duas mulheres estarão trabalhando num moinho: uma será levada e a outra deixada. Portanto, vigiem, porque vocês não sabem em que dia virá o seu Senhor. Mas entendam isto: se o dono da casa soubesse a que hora da noite o ladrão viria, ele ficaria de guarda e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. Assim, também vocês precisam estar preparados, porque o Filho do homem virá numa hora em que vocês menos esperam” (Mt 24.36-44).
O texto bíblico citado está dentro do sermão escatológico de Jesus em Mateus 24 a 26, que resume o fim dos tempos e de outros acontecimentos futuros, que ocorrerão até o fim do mundo. Jesus Cristo tinha dois propósitos ao ensinar estas coisas para seus discípulos e, consequentemente, para a sua Igreja.
Primeiro, que Ele voltará. Esta é uma certeza revelada nas Escrituras, em vários livros do Novo Testamento. Segundo, que os seguidores dELe deveriam estar preparados para quando Ele voltar. Nem todos os cristãos e cristãs têm consciência clara destas verdades, do contrário, não viveriam como estão vivendo hoje. Na prática, o ser humano vive o que disse um cantor secular, “deixa a vida me levar”. Se deixarmos nossa vida natural nos levar, já sabemos onde vamos parar, então o melhor a fazer é deixar Deus levar nossa vida para onde Ele planejou levar, estar com Ele aqui e na eternidade.
O contexto dos cristãos e cristãs do Novo Testamento trazia em si suas mazelas e injustiças, porém Jesus neste discurso, traz à memória dos/as discípulos/as o cenário de Noé (Gênesis 6). Afirmando que a pregação da justiça estava acontecendo todos os dias e diante de todos/as, porém não davam ouvidos, por não acreditarem em tais verdades. Consequência, foram surpreendidos pelo dilúvio. Foram avisados/as e as oportunidades dadas, entretanto preferiram deixar a vida os levar conforme os seus instintos pecaminosos. Como exemplo do dilúvio, a Segunda Vinda tem sido anunciada, muitos/as não têm levado a sério, depois que as portas da graça se fecharem, muitos/as desejarão entrar e já não poderão mais. Este fato revela que nossa distração pode custar caro para nossa eternidade, e o pior, substituindo por coisas fúteis: como focar a vida em apenas comer, beber e acumular coisas para si. Que mal há em comer e beber? Nenhum, mas quando substitui a vida com Deus e Seus propósitos, se torna distração perigosa.
O Novo Testamento aponta alguns sinais dos fins dos tempos. Seria salutar se não esquecêssemos dos mesmos, à medida que surgem com clareza diante de nossos olhos. Dentre estes sinais, podemos citar Lucas 17.26-30 – a despreocupação com Deus; Mateus 24.14 – a proximidade do fim; 2 Timóteo 3.1-5 – apego aos prazeres terrenos; Mateus 24.12 – esfriamento do amor e 1 Timóteo 4.1 – apostasia da fé e doutrinas enganadoras.
Nosso desafio e zelo é firmar nossa vida em Deus e Sua Palavra, assumindo um compromisso de longo prazo, ou seja, até a volta de Jesus ou até a nossa morte. Frente a isso, devemos seguir a recomendação bíblica de, em primeiro lugar: vigiar. Estarmos atento/a a tudo que nos cerca, conhecermos as Escrituras de verdade nos ajudam a discernir os tempos e épocas que estamos vivendo. Não podemos nos distrair com nada, pois o perigo nos ronda sempre, as tentações são grandes, procurando nos desviar dos caminhos do Senhor a cada dia. Não podemos dormir no quesito fé em Jesus Cristo, nas promessas de Deus para nossa vida. Vigiar também significa obediência aos princípios imutáveis da Palavra de Deus, quanto a todas as doutrinas essenciais para nossa salvação. Significa mantermos nossos olhos abertos aos cumprimentos proféticos das Escrituras, bem como estar atentos/as as rotineiras armadilhas que o inimigo de nossas almas, promove para que caiamos nelas. Todo cuidado é pouco nos tempos do fim. Devemos estar atentos aos sinais, guardar nossa fé acompanhada de boas obras, que glorificam ao nosso Pai que está nos céus. Devemos ter um olho na terra e o outro no céu. Não deixemos a vida nos levar, mas levemos a vida conforme a vontade e propósito de Deus!
Em segundo lugar, devemos nos manter em oração sincera diante de Deus. Orar significa manter comunhão e relacionamento crescente de intimidade com o Pai. Quem ora diz para si mesmo e para Deus que depende dEle para todas as coisas, por isso, nosso nível de oração determina nosso nível de intimidade, relacionamento e dependência do Todo Poderoso. Orar é uma das disciplinas espirituais mais importantes que nos ajudam a ficarmos de pé e seguirmos firme na presença de Deus. Por nós mesmos seremos iludidos, enganados pelas densas trevas que nos cercam e se intensificam à medida que o fim dos tempos se aproximam, daí, a fundamental necessidade de orarmos sem cessar. Para suportamos as turbulências da vida, as tribulações que nos sobreveem, as angústias que perturbam nossa alma, as relações humanas corrompidas, somente em Deus podemos vencer e estarmos preparados para tais realidades.
Em terceiro lugar, devemos ser encontrados/as trabalhando na Obra de Deus. Antes de subir aos céus, Jesus deixou uma ordem missionária para sua Igreja. Viver a fé de maneira viva e poderosa, o amor de forma intensa e profunda, servir ao próximo como expressão da graça. Deixou o encargo de continuar sua missão no mundo, de salvar e libertar o ser humano de seus pecados. Ele disse para irmos por todo o mundo e pregar o Evangelho, fazer discípulos e discipulas de todas as nações. Nosso trabalho é edificar uma Igreja viva, amorosa, cheia da graça para acolhermos novas vidas que buscamos em todo o tempo e lugar. Dentro e fora do templo.
Ele voltará a qualquer momento, não sabemos o dia nem a hora. Por isso, precisamos estar preparados/as para que, quando chegar, nos encontre em Sua presença e fazendo o que Ele ordenou. Há muitos/as religiosos/as fazendo muitas coisas que Jesus Cristo não pediu para fazer, há outros perdidos que não sabem o que fazer na vida e missão da igreja, além dos/as que não fazem nada e impedem outros/as de fazer.
Como nos encontramos hoje diante do Pai? Estamos preparados/as para nos encontrarmos com Jesus nos ares? Temos nossa consciência tranquila por estarmos fazendo exatamente a vontade de Deus, não a nossa própria?
Vamos trabalhar, Igreja, enquanto é dia, pois a noite vai chegar e não haverá mais tempo. Não deixemos para servir a Deus no final de nossa vida. Vigiar, orar e trabalhar, até que Ele venha!
Bispo Adonias Lago (Palavra do Bispo – IR 140)