Vivemos em tempos de transformações intensas e acredito que em nenhum momento anterior da história, a humanidade experimentou um nível de mudanças tão acentuado e em tão pouco tempo, como em nossa geração. A tecnologia veio para ficar e tomou conta de tudo, alterando a maneira de fazer as coisas, de consumir, de se relacionar, de viver, enfim, de ser igreja.
Nesses últimos dois anos, ainda mais, com a pandemia do novo coronavírus, a humanidade (a igreja também) precisou se “adaptar” e se “reinventar” para poder sobreviver. Para o futuro, a perspectiva é que a Inteligência Artificial (IA) acelere ainda mais essas mudanças e consolide o domínio da tecnologia a um nível somente imaginado por roteiristas de cinema de ficção.
Como ficamos (enquanto igreja cristã) em meio à essas mudanças, se ainda não conseguimos resolver situações e discussões, com as quais convivemos há muito tempo e que, ainda trazem divisão dentro do Corpo de Cristo e nos impedem de andar em unidade? Como resistir, manter-se vivo e relevante na sociedade em meio à tantas mudanças e incertezas futuras?
A resposta é simples: guiar-se e mover-se pelo poder de Deus que há no Evangelho de Jesus Cristo.
Certa vez ouvi de alguém que a Palavra de Deus não deve ser definida como antiga, moderna ou pós-moderna, mas sim, como eterna. Aí está a chave para a igreja seguir em frente e vencer os desafios que o ano de 2022 apresentará e os demais anos que virão trarão consigo, o poder de Deus que há no Evangelho de Cristo. O Evangelho não se move de acordo com as épocas, costumes ou as vontades humanas. É conduzido por princípios e valores firmados pelo Senhor Jesus para toda a eternidade e a igreja precisa apropriar-se dele e transmiti-lo à sociedade de modo consistente (na vida), para que essa o perceba ao ponto de querê-lo para si, pois temo que em nossos dias, a sociedade não consiga enxergar o Evangelho em ação na vida de muitos que se afirmam cristãos/ãs.
O que fazer então? Em sua carta aos Romanos, o apóstolo Paulo nos dá uma direção para seguir. Ele escreve: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. Porque a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: “O justo viverá por fé” (Rm 1.16-17).Em primeiro lugar, “vestir-se” do Evangelho, como se fosse a roupa cotidiana do cristão/ã, para que todos vejam na sua casa, trabalho, Igreja, enfim, nos seus relacionamentos; precisamos ser conhecidos pela prática dos valores e princípios desse Evangelho. Sermos “espelho” de Cristo, para que as pessoas olhem e queiram imitar, “perfumar” o ambiente onde está com o “bom perfume” do Senhor, dar o sabor que o “sal da terra” dá à essa geração superficial, “alumiar” as pessoas para que consigam enxergar as trevas em que vivem, “apontar” o caminho que traz consigo a verdade e conduz à única vida verdadeira e eterna, chamado Jesus Cristo. Não se envergonhar de “vestir” a roupa do Evangelho e testemunhar com toda vivência e força seus princípios e valores, que são atemporais e eternos e servem para reconciliar o ser humano pecador com nosso Deus Santo, por meio de seu Filho Jesus Cristo.Em segundo lugar, confiar e tomar posse do poder que há nesse Evangelho. Muitos/as confiam em carros, outros em cavalos (Salmo 20.7). Outros/as “surfam em ondas” passageiras que acabam por corromper a mensagem de Cristo. Ainda, outros/as tantos/as (e são muitos/as), confiam em poderes políticos e colocam neles a sua esperança para que a igreja continue. Carros quebram, cavalos morrem, “ondas” passam e poderes políticos acabam ou se corrompem. A igreja não pode confiar em forças humanas, coisas dessa terra, senão está fadada a desaparecer junto com tudo isso. A igreja precisa sim, confiar e se apropriar do poder de Deus.
Você compreende? Do poder de Deus, que está no Evangelho. Só o Cristo revelado no Evangelho pode realizar no ser humano o maior milagre, que é salvá-lo de si mesmo e, consequentemente de satanás e sua destruição eterna e transportá-lo para o Reino da Vida. Só o Evangelho pode transformar o ser humano caído em alguém regenerado à imagem e semelhança de Deus, como foi criado no princípio. Por fim, em tempos de incertezas, o que podemos ter de certeza é que Jesus Cristo está conosco até o fim dos tempos (Mateus 28.20). E, se Ele está conosco, não temos nada a temer. Se Ele está conosco, estejamos também lado a lado “caminhando” com as pessoas, numa caminhada conhecida entre nós por discipulado. E, essa fé de que Cristo está conosco, mesmo que não o vemos fisicamente, nos dá a certeza que necessitamos para viver, discipular e avançar, cientes que temos nas mãos a “arma” mais poderosa que todas, o poder de Deus revelado no Evangelho de Cristo.
Apropriar-se dele, encarná-lo, pregar e testemunhar seu poder e guiar-se por ele; assim venceremos não só mais um ano, mas permaneceremos nesta terra como Igreja do Senhor, enquanto Ele quiser, pois é com Seu poder que lutamos, nos mantemos de pé e avançamos rumo à eternidade.
Em suma, viver por fé, firmados/as no poder que há no Evangelho do Filho do Deus Vivo, Jesus Cristo, é a chave para a vitória da Igreja. Deus abençoe a todos/as e um 2022 cheio do poder de Deus sobre a vida de seu povo, em nome de Jesus!
Gilberto Fontana, pastor na IM Nova Andradina (MS)