A qualidade do crescimento é o reflexo do genuíno discipulado cristão. Sabemos que todo processo de crescimento tem o seu preço e as suas consequências, por isso, crescimento é uma espada de dois gumes. Se não houver discernimento, o crescimento deixa de ser bênção e se torna uma forma de multiplicar problemas e pessoas problemáticas. Na lei da reprodução que rege a natureza em todas as esferas, produz-se fruto de acordo com a sua espécie. Por isso, no discipulado, precisamos de obreiros/as curados/as e transformados/as para que discípulos e discípulas cresçam e se multipliquem com qualidade. Pessoas enfermas pregam um Evangelho enfermo e contaminado. Esse é o lado negativo do crescimento.
Outro aspecto do crescimento é que flui de Deus. O apóstolo Paulo declara isto: “Eu plantei. Apolo regou; mas Deus deu o crescimento” (1Co 3. 6). Este é um dos maiores segredos do discipulado. Devemos semear e regar, mas o crescimento é obra de Deus.
Nesse caso, precisamos observar algumas implicações que podem impedir um crescimento exponencial, qualitativo e contínuo proposto pelo discipulado:
- A quebra de princípios implica prejuízos para o crescimento. Um exemplo bíblico é o de Davi, no transporte da Arca da Aliança. A morte de Uzá no contexto de 2 Samuel 6 demonstra que boas intenções não são suficientes para agradar a Deus, e sim o cumprimento de seus princípios. A arca não se carrega sobre um carro de bois, ainda que bem equipado, mas sobre os ombros dos levitas, conforme Deus ordenou.
- As motivações corrompidas, mesmo na tentativa de cumprir princípios, também são reprovadas por Deus e geram morte. Ananias e Safira morreram cumprindo o princípio da oferta, pois ao fazerem, estavam motivados pelo reconhecimento e aplausos humanos.
- A ansiedade também implica em cansaço e frustração. Jesus disse: “Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado a sua estatura?” (Mt 6.27). Precisamos lançar mão do discipulado e trabalhar com afinco, sem jamais deixar de descansar na verdade de que é Deus quem dá o crescimento.
- A omissão também implica em estagnação e retrocesso. O discipulado bíblico sempre nos desafiará a cumprir o Ide de Jesus. E para isso, precisamos trabalhar muito, manter o foco da visão e depender sempre de Deus.
Quebra de princípios, motivações corrompidas, ansiedade por conta de um crescimento acelerado, e omissão na missão, são realidades que comprometem a qualidade do discipulado, trazendo sobre a igreja confusão, divisão e extinção.
Que nós, enquanto Igreja Metodista, possamos praticar o discipulado cristão, sermos alinhados com a vontade Deus e finalmente, experimentamos um crescimento qualitativo e quantitativo em nossas comunidades de fé.
Cleber Rocha, pastor na IM em Ituverava (SP) e representante da Câmara Regional do Discipulado no Distrito de Uberlândia.