Este ano, a proposta da Igreja Metodista, segundo suas ênfases, é trabalhar a unidade no Corpo de Cristo. Logicamente que este tema terá em todos os aspectos o discipulado caminhando transversalmente em cada ação da igreja. Há mais de uma década, a Igreja Metodista já milita na área do discipulado, porém nos últimos sete anos vimos um aprofundamento no tema e também uma firmação mais consistente de que fazer discípulas e discípulos faz parte da próprio carisma da Igreja (Mt 28.18-20).
Infelizmente, como todo termo importante, o discipulado também já sofre com seus pejorativos e “discipular” em muitos lugares tornou-se sinônimo de estudo bíblico, reuniões de comilança, encontros, conferências, etc.
Em meio a este universo de métodos para se ganhar vidas surgem também termos como mentoria, coaching, intencionalidade. Quero pegar este último, que é a intencionalidade, para propor uma reflexão sobre a realidade de que, na mesma velocidade que as igrejas vivenciam a chegada de novos membros em um período curto de tempo, ela (a igreja), também experimenta uma desistência maciça e assustadora de seus participantes.
Surge então a pergunta: Por qual motivo isto está acontecendo?
Alguns poderão dizer e até com certa razão que a tentativa de implantação do modelo foi equivocada ou da forma errada, porém em se tratando de organismo vivo, que é a Igreja, é muita inocência achar que o mesmo modelo para uma comunidade serve para todas as outras. Paulo apresenta-nos Filipos, Tessalônica, Corinto, entre outras igrejas e cada uma tem sua peculiaridade, portanto, é utopia achar que uma fórmula que deu certo, fluiu em uma, dará em todas, porém o fato de ser diferentes não quer dizer que não vivenciaram o discipulado.
Voltando na questão da intencionalidade e tentando responder sobre o esvaziamento, precisamos estar atentos para o fato de que nossa igreja está se aproximando bem das pessoas e somos bons nisso, porém estamos perdendo “de goleada” em relação ao cuidado.
Precisamos lembrar que discipulado sem cuidado é igual a zero! Não basta ganhar. Não basta encher igrejas e mostrar cultos e mais cultos com casa cheia, se não cuidarmos de quem nos aproximamos intencionalmente. O que a igreja tem feito com as centenas de pessoas que “aceitam” Jesus em cada culto ou encontro? Será que os/as que ministram entendem que ao aceitarem Jesus tais pessoas precisarão de cuidado?
Quantas igrejas hoje, em cada culto, têm uma estrutura pronta para cuidar realmente dos/as que aceitaram Jesus? Quantos/as desses/as serão levados/as para suas casas, terão seus endereços anotados e, durante a semana receberão uma visita de alguém com o forte desejo de ouví-los/as e oferecer ajuda necessária?
Não discuto que a Igreja tem que ganhar pessoas para ganhar outras mais, mas é necessário que o cuidado real e verdadeiro venha em primeiro lugar sempre e creio que esta é a maior expressão de discipulado. Jesus cuidou de todos/as os/as que foram dados a Ele. Que Deus nos ajude!
Lindomar Nascimento, pastor na IM em Morro Agudo (SP)
Publicado originalmente no IR Nº 138