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Por que se fala em “ecumenismo” ao tratar de unidade cristã?

Ecumenismo é o princípio da unidade cristã em torno dos elementos comuns da fé em Jesus Cristo. Implica atitudes de diálogo, respeito, convivência e colaboração na forma de atos de piedade (estudos bíblico, oração, jejum, reflexão e visitação) e de misericórdia (ações solidárias e de cidadania). Deve caracterizar-se como uma resposta à oração de Jesus: “que todos sejam um para que o mundo creia” (Jo 17.21). Portanto, a comunhão dos cristãos e das cristãs deve ter o sentido da participação na Missão de Deus, por meio do evangelismo e do testemunho da presença de Cristo como razão do ser igreja. Como orienta o apóstolo Paulo: “esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz; há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos” (Ef 4.3-6).

Precisamos entender bem os termos usados e os contextos de sua utilização, para romper os preconceitos e adotar posturas de integralidade, próprias da identidade metodista. O que Ecumenismo tem significado para nós? O que deve, de fato, significar?

Apesar de o princípio ter origem no próprio movimento dos seguidores/as de Jesus, a expressão “ecumenismo/ecumênico” para designá-lo é de utilização recente. Por isso não vamos encontrar na Bíblia estas palavras no sentido da busca por unidade cristã. Vamos encontrar, sim, o termo que dá origem à expressão, a palavra grega oikoumene, que quer dizer “casa comum” ou “toda a terra habitada”. Ela foi criada pelos gregos, séculos antes de Jesus, para expressar tanto a extensão geográfica da terra como lugar onde se vive, como o jeito de se organizar para viver nessa terra. Esse termo aparece muitas vezes na Bíblia com este sentido grego e está traduzido para o português de diferentes formas (vale conferir em Mateus 24.12-14; Marcos 13.10; Lucas 2.1; Lucas 4.5; Lucas 21.26; Atos 11.28; Atos 19.27; Romanos 10.18; Hebreus 1.6; Hebreus 2.5; Apocalipse 12.9).

O termo oikoumene ou “ecumene”, na tradução para o latim, ganhou este significado religioso, da busca da unidade cristã, muito tempo depois, já no final do século XVII. Naquela ocasião, as guerras religiosas entre católicos e evangélicos e entre evangélicos mesmo levaram cristãos sensíveis frente a este escândalo a pregarem a paz na terra habitada, entre os próprios cristãos. Por isso o termo “ecumene” passou a ser usado para expressar o ideal da unidade cristã na “casa comum”, no mundo criado por Deus e que habitamos.

Guarde bem esta definição, pois ela é orientadora para a vida e a missão da Igreja: Ecumenismo é o princípio da unidade cristã em torno dos elementos comuns da fé em Jesus Cristo.

Diante disso, vale afirmar que há compreensões de ecumenismo que pregam a eliminação das diferenças cristãs, a negação da diversidade, e a necessidade de unificação eclesial e doutrinária com a uniformização do corpo de Cristo, ou dos ramos Dele, a Videira Verdadeira. Afirmamos que isto não corresponde ao que a Igreja Metodista no Brasil tem por convicção, acompanhando a história da concretização do princípio de unidade cristã no mundo e em nosso país. Há ainda grupos que fazem uso do termo “macro ecumenismo”. Esta expressão foi criada pelo bispo católico Pedro Casaldáliga para afirmar a aproximação cristã de outras religiões, porém é um termo estranho ao metodismo e à tradição histórica do movimento ecumênico, que, no que diz respeito a outras religiões, fazem uso da expressão “diálogo inter-religioso”.

 Acima de tudo, entendemos que o caminhar ecumênico deve aprofundar as oportunidades que beneficiam, perante o mundo, o testemunho da fé em Cristo e o serviço pleno de amor ao próximo. Prossigamos a caminhar. Podemos admitir que o final desta jornada – uma vez que reconhecemos as limitações de nossa pecadora humanidade – certamente só poderá realizar-se por ocasião da plena e vitoriosa manifestação da Graça de Deus, nos últimos tempos, quando as Igrejas deixarão de existir, pois elas são históricas e temporais. Deus nos enxugará dos olhos todas as lágrimas. Existirá o Reino de Deus em sua plenitude ecumênica, regido pela única e eterna “lei” do amor. Por isso, entendemos que o nosso compromisso ecumênico de buscar tornar visível a unidade que nos está dada em Jesus Cristo, e somente nele, significa, antes de tudo, companheirismo na missão, no testemunho e no serviço, e não formar uma só instituição eclesiástica, uma super igreja.

PARA PENSAR

Uma antiga canção inspirada na prática dos primeiros metodistas dizia: “Não importa a Igreja que tu és, se atrás do Calvário tu estás, se o teu coração é igual ao meu, dá-me a mão”. O próprio Wesley usou esta frase. O que ela significa em termos de identidade metodista? Como articular unidade e identidade sem promover cisões no corpo?

Referência: COLÉGIO EPISCOPAL DA IGREJA METODISTA (Brasil). Pastoral dos Bispos e Bispa Metodistas (Comp.). Para que Todos Sejam Um: A perspectiva metodista para a unidade cristã. São Paulo: Sede Nacional da Igreja Metodista, 2009. 41 p. Disponível em: <http://www.metodista.org.br/arquivos/download/para-que-todos-sejam-um-964>. Acesso em: 20 fev. 2020.

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