Em João 14.19 está escrito: “Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais; mas vós me vereis, porque eu vivo, e vós vivereis”; “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vô-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo 14.27); “Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo 16.33); “Disse-lhes, então, Jesus segunda vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós” (Jo 20.21) e “Se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens” (Rm 12.18).
Há uma série chamada “Enders Game”, onde jovens são treinados para um combate. Um dos personagens disse: “Eu preciso descobrir se tenho o dom da paz, como tenho o da guerra”. Após destruir um povo inimigo, decide providenciar um planeta para o restante viver.
Estamos vivendo tempos difíceis, de combate, de desonra, desafeto, desrespeito, em total falta de amor. Creio que nossa natureza humana pecaminosa nos ensina tudo isto e muito mais, e infelizmente, a desfavor de todos nós, igreja e sociedade. Muitos/as de nós destruímos as pessoas como se fossem coisas, objetos estragados. Não podemos ser assim como sociedade humana e muito menos como Igreja de Jesus Cristo.
Creio que estamos sendo treinados/as em Cristo para a paz, comunhão, unidade, serviço amoroso ao próximo, perdão, viver a graça de Deus e dela depender. Nós já conhecemos o combate da morte, agora precisamos conhecer mais profundamente o combate a favor da vida e da dignidade humana. Cada um/uma escolhe que lutas quer ter, que combate desenvolver, mas os discípulos e discípulas de Jesus devem sempre escolher o bom combate, o da fé, do amor e da comunhão dos santos e santas; o combate contra o pecado, e combate da missão, do discipulado, da reconciliação com Deus e da boa ética.
Enquanto discípulos/as de Jesus, temos à nossa disposição a Paz que vem dEle, não do ser humano. Muito se fala de paz e amor em nossa sociedade, mas a prática revela guerra, violência, desrespeito, ganância, egoísmo pessoal e social. Precisamos investir na paz que constrói, que edifica, que une, que se solidariza com a fraqueza dos fracos e com as injustiças tão presentes em nossa sociedade e quem sabe, dentro de nossas igrejas também. Precisamos com urgência buscar a paz de Cristo, antes de promover destruição em nossos relacionamentos familiares, em nossas comunidades de fé e em nossa sociedade. Temos o dever de fazer isto com prioridade e dedicação, pois somos Igreja de Jesus no mundo e precisamos revelar sua paz a qualquer preço.
As aflições desta vida são inevitáveis, as contradições humanas são realidades cotidianas, os paradoxos humanos são inerentes à própria natureza decaída que temos, por isto, precisamos de muita paz de Cristo para enfrentarmos estas realidades sem desistir da vida e uns dos outros e outras. Para suportar tamanha pressão espiritual e social neste tempo de incertezas, precisaremos muito desta paz maravilhosa e acessível a todos e todas que a buscam e nela acreditam.
Muitas pessoas desejam fazer a obra de Deus e de fato a seara é grande e os/as trabalhadores/as são poucos/as. A missão de colaborar com Deus na salvação do mundo, necessita de pessoas dispostas a serem transformadas e capacitadas pelo Espírito Santo para tal realização. Apesar de uma das marcas desse tempo que vivemos ser de descompromisso por parte de muitos ditos cristãos e cristãs, Deus tem levantado homens e mulheres cujos corações têm sido transformados pelo poder do Evangelho e onde se encontra a verdadeira paz de Cristo. Com o coração cheio de paz genuína é mais fácil servir a Deus neste mundo de guerra e combates violentos.
Sim, a guerra destrói relacionamentos, a vida, a dignidade humana, gera feridas profundas na alma, entristece o coração e anula muitas vezes o novo cântico, a vida de oração e intimidade com Deus. Contudo, a paz de Jesus Cristo fortalece os vínculos, une gerações, aproxima os distantes, abre o caminho para o perdão e a reconciliação.
Neste início de ano, que preanunciam grandes desafios para todos e todas nós, somos desafiados/as a buscar a paz de Cristo, como árbitro em nossos corações e mentes. Somos incentivados/as pela Palavra de Jesus a enfrentar o que for, mas não sem a sua Paz. Somos desafiados/as a dar as mãos aos nossos irmãos e irmãs, juntar as forças e as fraquezas, caminhar lado a lado, não separados. Reafirmar propósitos de não somente viver em paz, mas crescer nesta paz de Cristo, por ser a força que o Pai deixou para seu povo viver e transmitir como estilo de vida a um mundo que vive em guerras e combates vazios e fúteis. Somos desafiados/as a crescer como discípulos e discípulas, no testemunho do que somos e temos recebido das mãos do Pai. Somos desafiados/as a sermos em Cristo, a cura que o mundo precisa, luz forte que neutraliza as trevas do mal e da violência em nosso meio. Somos desafiados/as a crescer na graça e no conhecimento de Deus, sim, do Deus de toda paz, que pagou um alto preço para nos ver em paz e para gerar um povo capaz de ser semeador da paz, não de divisão e fragmentação do Corpo de Cristo, da família e da sociedade.
Que a maravilhosa paz de Jesus Cristo seja a força de seu coração e de seu ministério neste novo ano. Sabendo que, dificuldades teremos pela frente, mas com a Paz de Cristo seremos mais que vencedores/as. Que o Espírito Santo derrame em cada coração o dom da Paz, do amor e do serviço amoroso em 2022.
Deus nos ajude e nos abençoe sempre,
De seu pastor Adonias Pereira do Lago, bispo na 5ª RE.