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Liberdade, somente em Cristo

O ser humano busca liberdade a todo e qualquer custo, porém, não tem noção do que seja de fato liberdade. Como pode alguém dizer-se livre, sendo escravo de si mesmo, de sua natureza humana corrompida, dos/as outros/as, dos sistemas e estruturas religiosas desfocadas do Evangelho, das ideologias, das culturas? Talvez você indague: “Sendo assim, quem pode ser livre, uma vez que praticamente todos/as estão direta ou indiretamente envolvidos/as nos aspectos citados acima? Então, pretendo nessa reflexão, deixar claro o que seja liberdade e onde encontrá-la em nossos dias. No mês de fevereiro se comemora uma das festas culturais mais vistas e com maior número de participantes diretos no Brasil. Além de vários dias, em alguns lugares duram meses. Carnaval: eis aí o símbolo da liberdade que o ser humano busca para si, com lugares e momentos onde todos/as participam com total liberdade.

No caso, entendendo liberdade como fazer o que deseja a alma, sem restrições ou limites. É nesta festa que as pessoas extrapolam em suas vontades próprias, desejos incontidos, práticas proibidas, prazeres sem limites, fantasias bizarras, farras – as mais variadas, vícios alimentados, adultérios promovidos, sexo abundante, drogas alucinantes, álcool aos barris, sempre ao som de sambas, frevos e outros sons, dando ritmo aos prazeres da carne, às vontades humanas, à vivência da suposta “liberdade”.

As autoridades ficam preocupadas, mas bancam muitas destas festas com nossos impostos, quem sabe dinheiro da saúde, da educação, da segurança. Reforçam a segurança, na tentativa de diminuir as brigas e as mortes; distribuem preservativos tentando resolver a questão de bebês abortados e doenças. Quem resolve as brigas dos casais que se traem e se separam nesta época? Quem vai abordar as meninas que engravidam e curar seus traumas? Quem vai cuidar de viciados em drogas depois da festa? Quem vai pagar a conta da fantasia cara, que talvez seja dinheiro de alimento e escola de filhos/as?  Quem vai curar os que foram contaminados por doenças sexualmente transmissíveis? Por isso, na quarta-feira será de cinzas, pois tudo não passa de cinzas do começo ao fim, com bolsos e corações vazios. Para os que precisam voltar ao trabalho na quinta-feira, fica uma questão a ser respondida: “Isso que você fez foi fruto de sua liberdade ou de seu vazio interior?”

Quem sabe os dois motivos, fúteis e cansativos. Há quem pensa, imagina, que ir à igreja, receber uma cinza na testa vai resolver tudo, vai tirar a culpa de atos carnais e insanos, de mútua exploração do corpo consentida em nome da liberdade e da suposta alegria. Ilusão, fantasia, mentiras, carnalidades, banalidades, isto não é liberdade. Não é boa cultura, boa festa, mas falta de consciência de valores que, de fato, valoriza a vida, a si mesmos e dos/as outros/as. Falta de consciência de que Deus não nos criou para estas banalidades e futilidades humanas, mas com propósitos eternos em Cristo Jesus.

Que serviço esta festa presta ao Brasil? À sociedade? Nenhuma, apenas amplia gasto inútil de dinheiro, tempo e destruição moral. As obras da carne, citadas por Paulo: “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão” (Gl 5.1), têm sua origem no coração geneticamente dominado pelo instinto pecaminoso do ser humano e no carnaval e outras festas humanas têm seus desdobramentos em forma de libertinagem.

“Foi para a liberdade que Cristo nos libertou”, diz Paulo aos gálatas. Portanto, já afirmo que não há liberdade fora de Cristo, e somente nEle e por Ele alcançamos verdadeira liberdade.

O apóstolo João diz em seu evangelho que se conhecermos Cristo pessoalmente, verdadeiramente seremos livres (cf. Jo 8.32). O pecado arraigado em nossa natureza humana nos escraviza para a carnalidade, mas a presença do Senhor Jesus Cristo em nossos corações e mentes, nos liberta e conduz a uma vida nova e pacífica. O pecado promove a mentira, a fantasia, o engano, a destruição, a maldade, a violência, as traições, a morte, mas Jesus trabalha em nosso caráter interior, gerando arrependimento, mudança de vida, transformação interior naquele/a que dEle se aproxima e nEle permanece.

Fomos chamados/as à liberdade e se ela não for usada corretamente se torna uma maldição em nossas vidas e na vida dos/as outros/as. A liberdade em Cristo muda o interior, mais que simples comportamentos externos.
Como identificar uma pessoa liberta, que caminha como liberto/a, vive como liberto/a e usa sua liberdade para glorificar a Deus e transformar o mundo ao seu redor?

Paulo, escrevendo aos gálatas, fala do fruto do Espírito Santo na vida de quem é liberto/a. “Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei. Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos. Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito. Não sejamos presunçosos, provocando uns aos outros e tendo inveja uns dos outros” (Gl 5.22-26).

Quantos destes frutos as pessoas verão em si mesmas na quarta-feira de cinzas? O quanto destas verdades é praticado por cada uma das pessoas que se iludem nestas festas da carne? Sim, não veremos praticamente nada, mesmo porque estas verdades estão em quem está em Cristo e nEle tem desejado e buscando crescer para servir e ser instrumento de Deus, nesse tempo marcado por tantas máscaras, da hipocrisia, do vazio existencial, da futilidade, da própria religiosidade morta em um cristianismo brasileiro, marcado por folclore, festas ditas culturais. Tão somente revelam quão longe podemos estar de Jesus Cristo, e dos valores da vida plena e da liberdade sadia que Ele veio trazer para todos nós.

Que Cristo, que nos dá a verdadeira liberdade, nos escravize para Ele e nos liberte da escravidão do pecado e da religiosidade morta. Que o Espírito Santo atue em nossas vidas gerando o caráter de Cristo, e atue na humanidade gerando arrependimento genuíno para um retorno ao Pai, Fonte de vida e graça a favor de todos/as!

Palavra do Bispo – Informativo Regional Nº 138

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