Os Evangelhos apresentam Jesus realizando a missão para a qual foi designado pelo Pai: “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc 19.10). Para realizar a missão de salvar o mundo, Ele chama alguns para serem seus discípulos com a finalidade de capacitá-los. Considerando o contexto dos Evangelhos, percebemos que discipulado é um processo relacional intencional adotado por Jesus que envolve a missão, o corpo vivo de Cristo e uma estrutura sistêmica.
O discipulado, por ser um processo relacional missionário, precisa investir essencialmente em três conceitos:
O discipulado é essencialmente missionário
Ao chamar pescadores para andar com Ele, Jesus diz: “farei de vocês pescadores de homens” (Mt 419); a linguagem figurada: “pescadores de homens”, nos assevera que a essência do discipulado é a preparação para a missão; é capacitação para levar a salvação do evangelho ao mundo.
Em Mateus 28.19, Jesus explicita o propósito missionário do discipulado: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, (…)”. Jesus está dizendo: “Preguem salvação ao mundo!” Sem discipulado, a missão fica incompleta, torna-se superficial.
Assim, pensar em missão é pensar em discipulado; e, pensar em discipulado é pensar na edificação da igreja, corpo de Cristo, organismo vivo que tem a missão de levar salvação ao mundo.
O discipulado é essencialmente orgânico
A Igreja é o corpo vivo de Cristo, e, pela ação do Espírito Santo, atua como organismo vivo, transmitindo vida e salvação ao mundo. Entendemos que o discipulado como um processo capacitador deve ser adotado como fundamental para a dinâmica orgânica da missão. Qualificar o discipulado como algo acessório é um erro. O discipulado não é um processo alternativo à missão da Igreja, mas, de fundamental importância. Assim, torna-se vital que sua importância, seus conceitos e suas práticas sejam conscientemente introjetados em todos os membros do corpo de Cristo.
Uma igreja só alcançará um agir missionário harmonioso e saudável se todos os seus membros adquirirem a consciência sobre a importância do discipulado para a missão. Não se edifica uma igreja missionária sem que a mesma conheça com clareza o seu propósito. Por discipulado orgânico, entendemos que os princípios e prática precisam permear a consciência missionária de todos os membros do Corpo.
O discipulado é essencialmente sistêmico
Este conceito abrange a integralidade do processo do discipulado. Poderíamos dizer que é o Plano de Ação Missionário da Igreja Local, através do qual, todas as etapas do processo do discipulado estariam claramente bem definidas. Seria a definição da ação missionária como um todo pela igreja, onde o processo é definido como mais importante do que ações isoladas.
O verdadeiro discipulado não tem nada a ver com modelos ou visões milagrosas. É primeiramente missionário, porque foi para isso que Jesus nos chamou; depois orgânico, porque fazemos parte da Igreja de Cristo; e, por último sistêmico, porque um corpo é organizado por partes. Contudo, o discipulado não tem vida em si mesmo, precisa da presença de Deus. Tudo começa e termina em Deus!
Ubiratan Silva, pastor na IM Central em Campo Grande (MS)